Saturday, 8 February 2014

to let go #2

Há uns meses li em determinada revista um artigo que me fez pensar. O artigo falava acerca de ser natural os caminhos dos amigos se separarem. Explicava que quando os caminhos tomavam direcções muito diferentes, não valia a pena insistir e apenas devíamos aceitá-lo como algo que acontece naturalmente na vida. Inesperadamente, há dias tive uma epifania e percebi o significado da mensagem daquele artigo.

No momento em que o li, achei aquilo uma patetice pegada. Dei por mim a matutar nas minhas amizades mais próximas, e na minha cabeça era inconcebível que por mais que os nossos caminhos se distanciassem, as nossas vidas parassem de se cruzar em alguns momentos. Pensei por exemplo no caso das minhas amigas mais chegadas, algumas das quais infelizmente estão longe de mim. Apesar dos nossos caminhos tão distintos (e distantes), isso não diminuiu a intensidade do que nos une. A saudade simplesmente aperta mais, e mesmo quando não consigo falar com elas com a frequência de antigamente, sei que se precisar às 5 da manhã, elas vão estar lá para me atender a chamada no Skype. E vai ser exactamente igual, como se nada tivesse mudado, como se tivéssemos parado no tempo, e recuássemos 10 anos. No fundo, o meu conceito de amizade, que construí desde muito nova - podem constatar aqui e aqui os alicerces da minha noção de amizade - é bastante rigoroso, e não deixa margem para muitas falhas, pelo menos no que diz respeito à parte emocional. Aqueles amigos, que são mesmo amigos, não precisam de me ligar todos os dias, ou nem mesmo todas as semanas, porque para mim, eles vão estar lá, e a nossa ligação é mais forte que a distância, a divergência de opiniões em determinadas matérias, a falta de tempo.

No entanto, há amizades e amizades, não haja dúvida. E com o passar do tempo, desde que li o dito artigo, apercebi-me que isso faz toda a diferença. Há amizades de que, simplesmente, não se abdica, há amizades de que custa muito a abdicar, há outras que se vão auto-destruindo aos poucos por vários motivos, e que, naturalmente, deixam de ser o que foram outrora. O que aprendi foi que, neste último caso em particular, não vale a pena lutar contra isso. Não vale a pena fazer um esforço. Não vale a pena não porque não queiramos, não porque não tenhamos força, não porque não sejamos tolerantes ou não consigamos perdoar, mas porque nada vai mudar o facto de que a ligação emocional que tínhamos foi destruída, está corroída, e as coisas não voltam naturalmente a ser iguais ao que eram.

Por vezes, as pessoas que menos imaginávamos capazes de ser nossas amigas, acabam por ser aquelas que descobrimos que valem a pena. Por vezes, as pessoas de quem gostávamos, deixam de valer a pena, não porque sejam más pessoas, não porque sejam pessoas de quem já não gostamos, mas porque já não faz sentido. A vida tem destas coisas, e faz parte do nosso processo de aprendizagem e crescimento (sim, apesar de já sermos todos crescidinhos) aceitar isso, respeitar e seguir em frente, sem rancor, sem mágoa, sem tristeza. Quando assim é, resta-nos  dar um passo em frente, fortalecer e cuidar das amizades fortes de sempre e descobrir as amizades do nosso amanhã.

e antes que se questionem, ainda não está a nevar em Londres - a foto é do ano passado.


Um beijinhos enorme, Bubbly Buddies, e amizadem muito, sim?

A Menina dos Óculos

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