Wednesday, 26 February 2014

Resident Single Londoners

Londres é o exemplo perfeito de uma cidade de solteiros. Desconfio que a inspiração do Resident Evil foi esta cidade, mas em vez de "solteiros", colocaram zombies, para os Londrinos não se sentirem directamente afectados. A verdade é que durante as horas de ponta, no metro, as pessoas mais parecem zombies mesmo - uns encostados ao vidro a ressonar, outros em modo automático, sentados e a olhar o vazio, como se naquelas cabecinhas só passeasse ar e vento, outros a ouvir rotineiramente a sua musiquinha no iPhone, e outros a ler o seu livro, esmagados por todos os lados , com o braço levantado a segurar o livro sem nunca desistir de o ler apesar das condições pouco convidativas (estes devem ser os heróis do filme original "Resident Single" (Londoners, acrescentaria eu).

Ser solteiro parece ter-se tornado uma epidemia contagiante. Por cá encontram-se alguns casais, sim, mas comparativamente, o número de solteiros é esmagador, e só nos apercebemos da dimensão desse número quando saímos sexta ou sábado à noite por cá. São estes os dias em que os solitários à procura de amor (ou algo mais superficial)
saem de casa e enfrentam um possível romance - costuma ser mais uma one-night stand, na verdade (tal como em Portugal, conhecer pessoas à noite e iniciar uma relação com elas não é fácil, embora possa acontecer), mas alguns acreditam que o flirt é suficiente para colmatar as carências de afecto e atenção. A meu ver, não é suficiente, porque se baseia em algo muito superficial, mas numa cidade como Londres, competitiva e absurdamente agitada, até que ponto é que é fácil iniciar uma relação séria e estável?

Os Londoners preocupam-se com o trabalho e pouco mais. Não são muito dados à culinária (não têm fama disso, é sabido) e esperam sempre pelo final do dia de trabalho para beber uma pint com os amigos no bar irlandês da esquina. Investem bastante na socialização com os amigos, com quem viajam e passam bastante tempo. Contudo, na hora de aprofundar uma relação, algo parece, muitas vezes falhar, ou por falta de experiência, ou por falta de maturidade, ou por falta de tempo, ou, simplesmente, por falta de vontade de uma, ou das duas partes. Talvez porque eu seja do Sul da Europa, um povo mais quente, que vive o amor mais intensamente, me pareça estranha esta dificuldade que eles demonstram em dar o próximo passo.

Contudo, passado algum tempo, acabo por compreender que para muitos deles (principalmente, mas não exclusivamente, para os homens) assentar implica ter muito menos tempo para os amigos e para investir na carreira. As mulheres e, no caso uma relação estável, ou até a possibilidade de iniciar uma família exigem muito tempo, de que eles teriam de abdicar, e as suas vidas nunca mais seriam as mesmas. A mudança pode ser assustadora, se pensarmos que nesta cidade muitas vezes são as rotinas que nos dão a sensação de segurança e de conforto. Além disso, o facto é que chegando a sexta-feira à noite, só dorme sozinho quem quer, e variedade é o que não falta nesta terra.

Para mim, que sou uma romântica, quando vejo um casal apaixonado cá, abro logo um sorriso - é sinal que dois single Londoners se encontraram e podem agora tentar a felicidade juntos, sem medos. E quanto aos outros, não critico a sua forma de viver ou de entender a vida e o amor, aliás, acredito que também sejam felizes, à sua maneira. Acredito também que no dia em que souberem o que estão a perder, não vão querer outra coisa.


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Beijinhos,

A Menina dos Óculos

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