Monday 10 February 2014

Qual é o sexo forte?

(Uma vez que hoje estou atarefadíssima de volta do trabalho para o jornal Hora H, um jornal Português aqui em Londres, para onde escrevo e faço trabalho de edição e revisão, já sei de antemão que hoje não vou ter tempo para escrever novo texto aqui para o blogue. Por esse motivo, seleccionei um texto que já foi publicado no Hora H em 2013. O tom ao longo do texto é diferente do habitual, uma vez que faz parte da coluna "Guerra dos Sexos" do jornal, em que tenho de me debater com o "Um Ganda Homem", um personagem machista. Os homens a que me refiro no texto são precisamente exemplares dessa espécie (por isso nada de generalizações. :P)

A primeira vez que me colocaram tal questão, deduzi que só poderia tratar-se de uma interrogação retórica. A resposta a essa pergunta está aos olhos de todos, a meu ver. Enerva-me que aos olhos de muito homens, as mulheres ainda sejam “as fracas”, “as dependentes”, “as frágeis” e “coitadinhas”. E por isso, considero que está na hora de dizer umas boas verdades, por mais que não seja como forma de tributo a todas as mulheres valentes que lutaram até hoje pela nossa igualdade de direitos. 

 inúmeras evidências que confirmam a nossa força, na realidade. Comecemos pela mais básica: somos nós, mulheres, a dar à luz, e nessas horas o nosso corpo suporta dores inimagináveis, agonizantes, supostamente insuportáveis. E como é que nós reagimos? Uma mulher reage com força, com coragem, e com amor, pois a sua preocupação é apenas o seu filho. A mulher é generosa, é altruísta e é, acima de tudo, mãe. Já certos homens, quando se picam numa agulha é um “Valha-nos Deus, que estou a morrer!”, imaginem agora se fossem eles a ter um bebé - a hora do parto seria anedótica, no mínimo.

Para além disso, a sociedade acabou por exigir de forma indireta que a mulher seja forte, dado que acarreta diversas funções simultaneamente. Uma mulher é/pode ser mãe (o que por si só é um trabalho a tempo inteiro), trabalha fora de casa, trata da lida da casa, vai às compras e faz tudo o que o marido não faz – isto quando está numa relação, pois cada vez mais esta opta por apostar na sua carreira e viver de forma totalmente independente, sem nenhum macho à perna para lhe trazer dores de cabeça ou atrapalhar o seu sucesso profissional. Vejamos, alguns homens (evidente que há exceções a isto) funcionam mais na  base do “Eu já trabalho muito no escritório e isso deixa-me esgotado para te ajudar nas lides domésticas, ou para ajudar o Francisquinho com os trabalhos de casa, faz lá isso tu, que eu agora estou a ver a final da Liga Europa e não posso perder isto”. Significa isto que o trabalho destes homens resume-se ao que fazem durante as 8 horas em que trabalha na empresa, depois disso é cruzar a perna e esperar que as mulheres (ou mães, mulheres também) tratem do resto. Vejam lá como eles são fortes e rijos! Ficam cansadinhos com 8 horas de trabalho. Pois, caros homens, fiquem a saber que a mulher tem de ser uma excelente gestora de tempo se quiser chegar à noite e cruzar a perna para poder ler um livro de forma tranquila.

Como se tudo isto não chegasse, a mulher tem de estar sempre elegante, bonita e bem tratada. A sociedade impôs um determinado estereótipo de beleza, que muitas de nós acabámos por adotar, o que aumenta muito o peso que temos sobre nós, visto que se uma mulher não se enquadra no dito padrão de beleza, o mundo vira-lhe as costas. A partir daí, há dois tipos de mulheres: as que se estão nas tintas para o que a sociedade machista lhes dita que é “ser-se bonita” e as que por motivos profissionais ou pessoais acabam por seguir esse padrão, o que as torna ainda mais exigentes em relação a si próprias. Por seu lado, o ritual diário de beleza do homem comum resume-se a passar um pente no cabelo e colocar o desodorizante de manhã, isto se não for um troglodita, que também há muitos desses por aí. Evidente que as coisas estão a mudar, e os homens cada vez mais sentem a pressão imposta pelo meio para serem mais bonitos e mais cuidados. Porém, no caso das mulheres, esse peso sente-se desde que nascemos.

Para finalizar, a mulher trava uma luta diária para ser perfeita em todas as áreas da sua vida e teve de lutar arduamente por todos os direitos que conquistou até hoje, e isso, por si só, torna-nos mais fortes, as mais fortes. Infelizmente, ainda há muitas de nós a sofrer pelo mundo fora, por serem vistas como inferiores ou incapazes, e hoje gostaria de dedicar a minha crónica a todas essas mulheres. Que sejam cada vez menos e que, juntas, sejamos cada vez mais fortes. Um grande “Bem haja” a todas nós!

80s Girl Power

Starbucks Party!


Beijinhos,

A Menina dos Óculos

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