Monday, 3 February 2014

Afectos

Toma lá um beijinho e não digas que vens daqui! :P

Na semana passada, quando ia a caminho de Market Road, o local onde decorrem os campeonatos de futebol do clube do marido, em determinado momento, deparei-me no metro com um casal, sozinho no meio de umas escadas, simplesmente abraçado. Na verdade, não foi esta a primeira vez que vi um casal a dar um abraço, mas aquele momento foi especial e tocou-me. Estavam sozinhos naquele corredor, no meio de uma escadaria silenciosa (o que é obra no metro de Londres) e eu não pude conter um sorriso. Foi um momento de cumplicidade, de que acabei por fazer parte, não directamente, mas pelo facto de o ter podido presenciar.

As manifestações públicas de afecto entre casais continuam a ser um tópico que não reúne consenso. E eu, apesar de quando mais nova ser toda anti-miminhos, anti-beijinhos a tudo quanto é hora, confesso hoje que em determinados momentos, com determinados intervenientes, estes instantes são mágicos, principalmente para o casal em si. Por vezes, um miminho da cara-metade, no minuto mais inesperado, dá-nos a força para ver o outro lado das coisas, e acima de tudo, para nos sentirmos amados. Claro que se tivermos tido um dia cinzento, um dia daqueles em que corre tudo mal e já começamos a questionar-nos se estamos perto de partir uma perna ou ser atropelados, porque na verdade já tudo o resto parece ter-nos acontecido, nesse caso, um miminho ou um elogio, ou até um sorriso de um estranho, acabam por nos dar um alento diferente para enfrentar o dia.

Numa cidade como Londres, a força de um abraço, o poder de um sorriso ou o valor de um beijo nunca são sobrevalorizados. Esta é uma cidade competitiva, que nos torna competitivos, guerreiros até. No entanto, quando chegamos ao final do dia, é um privilégio conseguirmos desligar o botão para dar um abraço apertado, onde nos apetecer, ao nosso namorado, ou oferecermos gentilmente e sem qualquer motivo, um sorriso ao estranho que passa e tem ar cansado (mesmo que, como me acontece a mim às vezes, eles nem se apercebam - Ingleses, tsss….).

Naquele dia, tornou-se claro para mim que tinha de abraçar mais, quando me apetecesse, quem eu quisesse, que tinha de beijar mais, que tinha de sorrir mais. Já passou uma semana. E estou a cumprir. O marido ainda não se queixou do aumento na dose de afecto, o que também é um bom sinal. Abracem, beijem, mimem, sejam felizes! E, se de vez em quando, virem um estranho que precise de um abraço, what the hell, abracem e elogiem! Faz-lhe bem a ele e faz-nos um bem imenso a nós! :)

Beijo enorme,

A Menina dos Óculos

2 comments:

  1. Devia de haver mais amor, e não daquele que se diz e se escreve, mas daquele que se sente.
    Fizeste-me lembrar um episódio em particular. Há uns meses atrás estava eu e o meu "senhor" na starbucks de um aeroporto à espera do voo que nos traria de volta a terras lusas. E naquele momento entre um cookie e um caffe latte ouvimos uma música, uma música que nos era tanto e mesmo estando num café cheio de gente ele puxou-me pelo braço e dançamos, ali, como se não houvesse mais ninguém, porque aquele era o "nosso" momento e significou tanto para nós, era a nossa forma de dizer "Eu amo-te". Notei alguns olhares, claro, uns de "Estes devem ser doidos" outros de "Ó que fofinhos", mas no fundo o mundo não deveria ser dos loucos????

    Beijinhos,
    Pezinhos de Lã

    ReplyDelete
  2. Nesse caso, Pezinhos de Lã, o mundo pertence-nos! :) Beijo enorme,

    A Menina dos Óculos

    ReplyDelete

Leave a bubbly comment!