Thursday, 14 March 2013

Segundas oportunidades...


Ontem estava a assistir a um episódio de 'New Girl' e, a dado momento, a protagonista da série, Jess, disse 'Second chances are my favourite kind of chances'. Quando era mais nova, cheguei a pensar da mesma forma, curiosamente. Com o passar do tempo, talvez porque me tenha tornado mais azeda, menos crente, mais racional, comecei a não acreditar em segundas oportunidades. Um amigo meu disse-me não raras vezes que, das pessoas que conhece, sou a pessoa que mais 'racionaliza as emoções'- atenção que ele é psicólogo clínico, o que torna esta afirmação um 'tudo-nada' perigosa e lhe dá outros contornos. Talvez seja por isso que gosto de escrever sobre estes assuntos, talvez porque já tenha passado muitas horas da minha vida a pensar neles.

Na verdade, acho que já todos tivemos a possibilidade de viver segundas oportunidades. Eu tive. E tentei uma vez, mas não funcionou. Não funcionou porque a todos os problemas que já tínhamos da primeira oportunidade que demos à relação, juntaram-se os problemas que surgiriam dessa segunda oportunidade. E a partir daí, é um passo para a lavagem de roupa suja do passado. Por mais que queiramos, por mais que amemos, amar não é o suficiente para suportar uma relação, a meu ver. E a partir do momento em que já tivemos força para colocar um ponto final (ou ponto e vírgula, vá) na relação uma vez, abrimos um precedente para colocar um ponto final uma última vez.

Por outro lado, houve várias vezes que me recusei viver essa segunda oportunidade. Uma delas marcou-me um pouco mais. Tinham passado alguns anos desde que tínhamos terminado e estávamos finalmente a construir uma amizade saudável do que tinha sido uma relação do mais disfuncional que há, pelo menos para mim. Um dia, ele disse-me que gostava de tentar de novo, que já tinha passado bastante tempo, que ambos estávamos mais maduros e queríamos o mesmo naquela fase da nossa vida. Fiquei de boca aberta. Fui racional e disse a mim mesma que 'Não, já era crescidinha, e que não poderia voltar a passar pelo mesmo'. Dizer aquele 'Não', naquele momento, dilacerou-me, talvez porque iria ficar para sempre com a questão presa na garganta: 'E se... o que teria acontecido?' O meu lado racional estava completamente seguro de que aquilo não iria correr bem, pois o pensamento que me assaltou naquele momento foi: 'Neste momento, somos pessoas diferentes, não sei o que sinto por ele e não acredito que ele me ama exactamente da forma que eu sou'. Tinha sido tão difícil esquecer aquela pessoa da primeira vez, que a única forma de superar aquela relação tinha sido convencer-me de que ele nunca tinha gostado de mim, e nunca me tinha visto da forma que eu o via. Nunca soube se sim, nunca soube se não, e também não é coisa que me tire o sono. Gosto de pensar nessa pessoa como um amigo que ficou de uma relação que não era suposto acontecer de novo, por mais que ambos nos questionássemos se teríamos futuro ou não. Sinceramente, acho que hoje, ambos concordamos que foi o melhor que fizemos, ficar separados. Provavelmente, se tivéssemos tido aquela segunda oportunidade, já teríamos terminado, e teríamos estragado aquele momento, aquela ideia do: "Poderia ter acontecido, e poderíamos ter sido felizes juntos", que não é uma ideia má ou que me traga qualquer infelicidade ou mágoa, muito pelo contrário.

Sei que neste momento estamos ambos felizes, cada um com as suas pessoas, e ficou um pensamento reconfortante do que poderia ter sido - pelo menos não estragámos tudo, como da primeira vez. Não me arrependo em nada da minha decisão, pois tenho plena consciência que foi o melhor para os dois. Sei que não poderia ser mais feliz do que sou agora, e acredito que o mesmo se passe com ele - essas duas certezas bastam-me. Eu não acredito em segundas oportunidades, é verdade, e levo isto à letra na minha vida. Acredito que quando as coisas têm de acontecer, faz-se por elas, luta-se por elas até ao fim, sem desistir, mas quando se baixa os braços uma primeira vez, quando um dos dois não consegue mais, a meu ver, não há motivos para se continuar a lutar uma segunda vez.

E a felicidade espreita por várias janelas, 
é sempre bom lembrarmo-nos disso...

Beijinhos, tenham um dia feliz,

A Menina dos Óculos

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