Wednesday, 17 February 2010

A história de dois heróis imperiais: Lunik III e Lunika I de Castrumpekes


Decidi partilhar convosco hoje uma das minhas duas grandes preciosidades: a Lunika, Lunika I de Castrumpekes, segundo o seu BI. Esta menina (a pequinês que aparece na primeira fotografia, tal e qual como está agora) tem uma história triste por trás, infelizmente, mas veio trazer muita alegria e animação cá a casa.
Por meados do ano passado, a minha casa era habitada por dois pequenos peluches peludos e fofinhos: a Nina Maria, uma jovem traquina, altiva, cheia de personalidade e com o nariz sempre empinado e, ao mesmo tempo, amorosa e muito meiga, e o Lunik III, um sénior paciente, calmo, muito inteligente e sensível. Estes eram os focos principais de mimo e atenção cá em casa, até porque os meus pais ainda não têm netos. Embora muito diferentes e embora, por vezes, se desentendessem, o Lunik e a Nina Maria (dois pequineses) eram muito amigos e brincavam juntos. O único problema era precisamente a altivez da Nina, apesar da tenra idade, mas para a qual a sensatez do Lunik encontrava sempre resposta.
Em Agosto passado, o Lunik, começou a queixar-se imenso com dores e após três dias em exames, descobrimos que a doença dele não tinha cura e que o esperava um longo caminho de sofrimento. Nesse momento, o meu mundo desabou. É impossível não chorar quando me lembro do que senti, no momento em que peguei no telefone e atendi a chamada em que a minha mãe me deu a notícia com a voz embargada.
Imediatamente vieram as recordações do dia em que ele chegou a casa. Eu tinha 11 anos e o 6º ano já tinha terminado. Estava de férias, as férias grandes! Todos os dias ia dar um passeio e tinha por hábito passar numa loja de animais ao pé da minha casa. Um dia passei, e quando vi aquele peluche peludo, o meu coração parou. Apaixonei-me, senti aquilo que se sente quando se encontra "o nosso cão". Para quem não gosta de animais, deve ser difícil de entender. Para quem, como eu, adora animais e tem cães, conhece esse sentimento, com certeza. É um laço forte que se cria naquele primeiro olhar e, sem percebermos como, acabamos ligados àquele animal, que passa a ser o nosso companheiro. Cheguei a casa e estive dois dias a "minar" a cabeça dos meus pais, até que convenci o meu pai a ir à loja e ele próprio sentiu o mesmo elo que eu. Lembro-me que, no dia seguinte, estava a dormir na minha cama e acordei com o som, que passaria a ser familiar, de um cachorrinho a ladrar feliz, no andar de baixo. Desci a correr, descalça e impaciente, porque nem queria acreditar! Lá estava ele, a ladrar brincalhão, lindo, peludo, o cão dos meus sonhos. O melhor amigo que se pode esperar ter um dia.
Passados 14 anos, após ouvir as palavras desesperadas da minha mãe, o meu coração batia desenfreado. Os meus pais estavam no veterinário e eu estava sozinha em casa. Apeteceu-me correr, correr para muito longe e fugir para um local onde estas coisas não acontecessem. Suponho que fui criada para acreditar num mundo de fadas, de contos de final feliz e não estava preparada para perder o meu amigo. Simplesmente não queria acreditar, e enfrentar a verdade era mais do que o que me poderiam pedir naquele instante.
No dia seguinte, sem me dizer nada, a minha mãe foi, com o meu pai, despedir-se do Lunik e corajosamente, ficou com ele ao colo, a falar com ele para o acalmar, a mimá-lo e a adormecê-lo pacientemente, com as lágrimas a escorrer pela cara, enquanto a veterinária, também ela a chorar, comovida com o amor que sentíamos (correcção, 'SENTIMOS') pelo nosso companheiro, lhe administrava uma anestesia letal, para que deixasse de sofrer e pudesse partir para o nosso mundo de fadas. E assim foi. O nosso amigo partiu, mas sinto-o sempre comigo e lembro-me dele todos os dias, porque qualquer um dos meus cães é insubstituível, e ele foi o meu primeiro cão. Terá sempre um lugar singular no meu coração. É impossível não chorar ao contar isto. Já passou mais de meio ano, mas é a primeira vez que falo disto aberta e publicamente, desde que aconteceu. Optei por não colocar uma foto dele, porque não consigo abrir nenhuma fotografia dele ainda.
Entretanto, cá em casa, a nossa menina, a Nina Maria, entrou em depressão e deixou de brincar connosco, deixou de ser altiva e resmungona, deixou de ser ela. A minha mãe ficou com uma depressão profunda e o meu pai ia fingindo que estava tudo bem. Numa visita ao médico, este aconselhou-a vivamente a encontrar outro companheiro, não para substituir o lugar do Lunik, mas para ajudá-la a ultrapassar aquele momento difícil. Quanto a mim, senti o apoio dos meus amigos, que me ouviram e me consolaram, e do meu namorado, que me aparou muitas lágrimas e me cedeu o ombro para chorar muitos dias.
Apesar da inicial resistência à aceitação da sugestão do médico, os meus pais acabaram por ceder e eu comecei a procurar na Internet uma menina, desta vez. A minha mãe tinha decidido que seria uma cadela, desta vez, e que se chamaria Lunika, em homenagem e como forma de tributo ao nosso companheiro que já não estava connosco. Acabei por encontrar a Lunika em Castelo Branco, através do Clube Português de Canicultura. A Lunika teve o privilégio de ter uma criadora fantástica e de ter passado os dois primeiros meses de vida rodeada de muito mimo e carinho.
Quando fomos buscá-la, ela estava com os manos e eu fui a primeira a aproximar-me deles. Foi a que saltou mais alto para o meu colo, a que mostrou mais determinação, como se soubesse que íamos ser companheiras todos os dias das nossas vidas. Nesse momento, vi a minha mãe a sorrir de novo, e reforçar o seu sorriso quando pegou nela, como se pegasse num bebé ao colo. Ainda não era a mesma, mas já esboçava algo semelhante a um sorriso. A segunda fotografia que aparece foi tirada na semana que antecedeu a sua chegada à nossa casa. Ela foi escolhida por fotografias. Não deixa de ser curioso que, apesar de a ter "escolhido" por fotografias, senti o mesmo sentimento em relação a ela, que senti quando me apaixonei pelo Lunik e pela Nina Maria (a quem dedicarei um post adiante, não fosse ela a princesa cá de casa).
A Lunika é diferente do nosso Lunik: é menos calma, mais emotiva, mais impaciente, mais chorona e mimada, mais comilona, mais brincalhona; não tem a noção do perigo, é uma aventureira nata. Faz as delícias cá de casa. Ela e a Nina - que, a início não a aceitava - tornaram-se inseparáveis e passam os dias a brincar ao pé de mim ou dos meus pais. A Nina Maria retomou, finalmente, o seu carácter mandão e imperial.
Quem diria que esta pirralha traquina e inconsequente iria acabar por ser o segredo da nossa recuperação?! O Lunik, porém, ficará sempre com o seu lugar reservado, insubstituível, cá em casa. Fez parte das nossas vidas e orgulhar-nos-emos sempre muito dele.
Bem, tenho de ir separar as duas cadelas agora, que a sessão de Wrestling delas já se está a estender e depois não há quem as consiga escovar!
Beijinhos e desculpem a falta da habitual bubbliness,
A Menina dos Óculos

5 comments:

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  2. Como eu te compreendo, tenho o meu shi-tzu (que também é um peluche :) ) desde setembro, e tenho uma paixão tão grande por ele, que quando um dia o perder...nem quero pensar nisso, é viver o momento.
    beijos

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  3. As lagrimas correm-me pela cara.
    Eu sou louca por animais e morro de saudades da minha filha peluda (3 anos) e dos cães da minha mãe que me acompanham há 12 e 10 anos.
    Que angústia senti. Que saudades da minha bebé.

    Um beijinho enorme e um xi com votos de muitas felicidades.

    PS: Sempre disse que por mais desgostos e sofrimento que a perda dos meus "filhos de 4 patas" me causem, nunca vou conseguir viver sem animais.

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  4. Eu também ainda sofro imenso pela perda (felizmente, a primeira, até ao momento) do meu primeiro companheiro. É complicado exprimir o que se sente, porque muitas pessoas não conseguem conceber o sentimento e o elo que se cria entre uma pessoa e um animal.

    Miss Chocolate,

    Imagino que tenhas muitas saudades dos teus pequenos. Quando fui para a Universidade, tinha de me separar dos meus todas as semanas e era a parte que me custava mais, por isso, não imagino como seja viver separado deles durante meses.

    Mary,

    Eu não sei como vou reagir quando perder alguma das minhas duas princesas, que considero os dois amores peludos da minha vida. Sei que será outro pesadelo, mas concordo com a Miss e sei que não vou conseguir nunca viver sem eles. Costumo dizer que as alegrias que nos dão quando somos privilegiados com a sua presença nas nossas vidas, superam em muito o que sofremos quando nos deixam. No caso, se não fosse a Lunika, sei que estaria muito pior. Como disse, ela não veio substituir, nem ocupar o lugar do nosso Lunik, mas o facto de ter de novo uma bebé cá em casa (embora a Nina Maria ainda seja novinha também) veio trazer uma agitação e uma série de cuidados, que nos fez pensar noutras coisas e desviar a atenção para outros assuntos.

    Fico à espera que partilhem as fotos dos vossos meninos. Fiquei curiosa. Em breve, penso dedicar um post à minha princesa, a Nina, que bem merece.

    Beijinhos grandes e obrigada pelo carinho habitual,

    A Menina dos Óculos

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  5. A morte de um dos nossos animais é muito dolorosa. O meu primeiro desgosto foi efectivamente quando o meu cão Watson morreu. Devia ter uns 10 anos...sei que fui para a catequese tão triste, tão triste que me perguntaram o que tinha e respondi que tinha morrido o meu cão. E acrescentei " estou mais triste hoje do que quando morreu o meu padrinho". Pois... Na minha inocência obviamente que senti mais a morte do meu cão do que do meu padrinho. Mas deixei a freirinha mal disposta para todo o dia.
    Acho que temos é que aproveitar cada momento com os nossos bichos e não pensar no que vai acontecer se os perdermos. É desgastante! Beijinhos

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